quinta-feira, 21 de junho de 2012

MMA - Mixed Martial Arts

     Na história moderna das artes marciais, a década de 1990 será lembrada como a década da revolução. A revolução a que nos referimos é o advento na cena das artes marciais de um novo tipo de esporte de combate que capturou muito atenção popular e alterou os métodos de treinamento, filosofias e perspectivas de milhares de artistas marciais de todo o mundo.
     Muitos nomes têm sido usados para batizar este novo esporte de combate-Valetudo, o Ultimate Fighting, No Holds Barred Combate Shootfighting, etc, mas o mais adequado é, talvez, Mixed Martial Arts, uma vez que estas competições foram projetadas para testar os pontos fortes e fracos de diferentes estilos em um conjunto de regras muito permissivas que não favorece nenhuma arte particular.
Videogames e filmes tinham jogado com a idéia de torneios abertos para todos os estilos de artes marciais por um tempo. No Brasil, as competições tiveram Valetudo vem ocorrendo há uma boa parte do século XX.
     Na Grécia antiga, Pankration, um antepassado de Mixed Martial Arts que permitiram kickboxing, lances groundfighting, e submissões (ou seja, engasga e aproveita), costumava ser um evento principal dos Jogos Olímpicos (Poliakoff,1987;Vale,2001).
     O MMA é definido como uma modalidade de luta onde os praticantes não precisam seguir um estilo específico de arte marcial. Vem daí o nome “técnico” do esporte: Mixed Martial Arts (Artes Marciais Misturadas).
     O esporte possibilita ao praticante utilizar qualquer golpe ou técnica das mais diferentes artes marciais como o boxe, jiu-jítsu, karatê, judô, muaythai, entre outras. O bom lutador é aquele que domina boa parte dos principais golpes de uma grande variedade de artes marciais e sabe aplicá-los no momento certo.
Ao contrário do que todo mundo acha, não “vale tudo” no MMA. O esporte vem evoluindo e profissionalizando-se de tal maneira que as regras estão cada vez mais rígidas. O intuito de toda esta evolução é preservar cada vez mais a integridade física do atleta. Os praticantes estão cada vez mais técnicos e preparados.
     A prática do MMA passa antes de tudo por muito treino em alguma arte marcial específica. Normalmente, um bom lutador de MMA já se destacou em alguma arte marcial. As academias ficam de olho nos talentos específicos de cada lutador e o encaminham para o treino de MMA quando ele está pronto para isso.
     O MMA é hoje um esporte de alta performance, além de ser um verdadeiro show de entretenimento.
No Brasil o jiu jitsu junto com o judô foi introduzido devido a grande imigração de japoneses e teve como difundir o Conde Koma (conhecido como Mitsuyo Maeda ou Eisei Maeda) por volta de 1914. O conde Koma também foi responsável pela disseminação do judô e do jiu-jitsu na América latina. Foi neste período que o Conde teve como alunos alguns integrantes da família Gracie, onde após a sua morte deram sequencia no seu trabalho, adaptando e tornando o conhecido jiu jitsu brasileiro.
     Para provar a superioridade da luta criada por eles, os Gracie tiveram a ideia de um evento que colocasse frente a frente lutadores especialistas nas mais variadas artes marciais. Com isso, tivemos especialistas em karate, judô, sumo, wrestling, kickboxe, sambo e etc., tudo para mostrar que sua arte era superior. Os Gracie colocaram seu menor lutador para o torneio e ele foi o campeão. Com o tempo os outros lutadores foram aprimorando sua técnica e se atualizando em mais de uma área, não apenas em sua formação inicial, e com isso o UFC virou realmente um esporte de MMA, e não uma disputa entre artes marciais.

Regras

No Brasil, como não existe um único órgão regulador desta modalidade, não existe regras padronizadas. Elas variam muito de evento a evento. Porém, a grande maioria dos eventos adota como base as regras do Pride, maior competição do mundo.
Felizmente, a maioria dos eventos tem imposto regras que buscam evitar danos graves ao lutador. A seguir as regras mais usadas nos eventos:


Regras gerais
•Os lutadores devem usar luvas de dedo aberto fornecidas pelo evento.
•É obrigatório o uso de coquilha (acessório para proteção genital).
•É obrigatório o uso de protetor bucal.
•É permitido (porém, não obrigatório) o uso de: sapatilhas, protetores para os joelhos, protetores para os cotovelos e bandagens para os tornozelos e punhos.
•Os lutadores não podem aplicar na pele produtos como óleo, vaselina etc.

Regras de combate
É proibido:
•Acertar a região genital
•Morder
•Enfiar os dedos nos olhos do adversário
•Puxar o cabelo
•Acertar a nuca
•Dar cotoveladas de cima para baixo
•Dar qualquer tipo de cotovelada (Pride)
•Dar cabeçada
•Agarrar as cordas do ringue
•Jogar o oponente para fora do ringue
•Chutar o adversário quando ele está no chão (UFC)
•Pisar na cabeça
•Dar pedaladas quando o adversário estiver com os joelhos no chão.

     Os lutadores que deixarem a luta “amarrada”, não demonstrando agressividade, são advertidos e a luta é reiniciada.
     Se os dois lutadores estiverem no solo a ponto de sair do ringue, o juiz deve parar a luta e colocar os dois lutadores na mesma posição no centro do ringue.
Regras para término de combate:
A luta termina quando um dos combatentes não consegue mais se defender dos golpes deferidos contra ele. Isso acontece quando:
•O lutador bate no tatame, indicando que não suporta mais o golpe.
•O treinador joga a toalha no ringue
•O lutador desmaia ou o juiz decide que ele não pode mais continuar
•O lutador sangra, e o ferimento não é estancado pelo médico no tempo estabelecido.
•O lutador viola as regras listadas acima
•O tempo de luta se esgota

Eventos

     Dois grandes eventos agitam o mundo do MMA - o Ultimate Fighting Championship (UFC) e o Pride. No final do mês de março de 2007, o UFC anunciou oficialmente a compra do Pride, realizado no Japão. A união entre as empresas proporcionou também um evento anual envolvendo os principais campeões do UFC e do Pride.

PRIDE:
Início: 1997
Local: Japão
Rounds: 1 round de dez minutos e 2 de cinco minutos
Categorias: Lightweight (até 70 kg)
                   Welterweight (até 83 kg)
                   Middleweight (até 93 kg)
                   Heavyweight (acima de 93 kg)

UFC:
Início: 1993
Local: Estados Unidos
Rounds: 5 rounds de cinco minutos (cinturão) ou 3 rounds de cinco minutos
Categorias: Mosca (Flyweight) - acima de 52,1kg até 56,6kg
                   Galo (Bantamweight) - acima de 56,7kg até 61,2kg
                   Pena (Featherweight) - acima de 61,2kg até 65,7kg
                   Leve (Lightweight) - acima de 65,7kg até 70,3kg
                   Meio-médio (Welterweight) - acima de 70,3kg até 77,1 kg
                   Médio (Middleweight) - acima de 77,1kg a 83,9kg
                     Meio pesado (Light Heavyweight) - acima de 83,9 até 92,9kg
                   Pesado (Heavyweight) - acima de 92,9kg até 120,2kg



Artigo Capes Quali 1:

     O artigo relata o perfil fisiológico de artistas marciais. O estudo foi feito em cima de 11 atletas, com idade de 25.5 ± 5.7 anos e  174.8 ± 5.3 cm de altura e 77.4 ± 11.4 kg de massa. Foram coletados os seguintes dados e comparados com outros esportes:

     Com esse estudo vemos que o atleta de mma realmente é mais versátil e enrola um perfil físico mais abrangente do que as artes marciais mais especificas. Isso reflete na necessidade de o mma pegar varias vertentes físicas, ao contrario da especificidade, por exemplo, do judô que possui um caráter aeróbico menor e o boxe que possui uma força especifica no punho maior.

Artigo Capes Quali 2:

     Artigo relata motivos do termino da partida de artes marciais com os mesmos padrões de esforço e pausa do MMA, para esta pesquisa utilizaram 1284 atletas (642 Lutas, todas televisionadas) entre o anos de 1993 ate 2003.
Tabela 1 Estilos dos lutadores participantes
Estilos dos lutadores    %
Jiu jitsu    22,2
Wrestling    20,3
Submision figthers (Lutadores de Chão)    16,2
Kickboxing    12,9
Freestyle    11,1
Sambo    2,5
Karate    2,3
Pitfigthing (lutadores ilegais)    2

Tabela 2 Motivos pelos términos das partidas
Partidas (642)    Motivos
182 (28,3%)    Impactos na cabeça (nocaute e nocaute técnico)
106 (16,5)    Stress músculo esquelético
91 (14,1 %)    Estrangulamentos (sufocamento, asfixia)
83 (12,9%)    Traumas
173 (27%)    Termino da partida



Referencias:
Schick M.G., Brown L.E., Coburn J.W., Beam W.C., Schick E.E., Dabbs N.C. / Medicina Sportiva 14 (4): 182-187, 2010

Br J Sports Med 2006;40:169–172. doi: 10.1136/bjsm.2005.021295
(Poliakoff, 1987; Vale, 2001)

Um comentário:

  1. Melhorou significativamente, apenas lembrem de fazer referencias conforme normas da ABNT...

    ResponderExcluir